Desempate por penáltis decidiu o encontro dos quartos de final do Campeonato do Mundo, frente ao Uruguai.

(em atualização)

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Portugal começou por dar um exemplo prático da importância de ter indíces de concentração no máximo desde o primeiro minuto: saída de bola do Uruguai, jogada intercetada, bola nos pés de Xadas, passe milimétrico para Xande Silva e...golo!! Estava inaugurado o marcador no Daejeon World Cup Stadium, com toda a frieza do Mundo, no primeiro minuto de jogo. Portuga não poderia desejar melhor início de jogo, mas o jogo estava ainda no início.

Pode parecer estranho, mas aparentemente as equipas não se "mediram" nos minutos seguintes. O brio dos uruguaios veio ao de cima mas, apesar de algumas jogadas cheias de intencionalidade, não chegaram com grande perigo à baliza de Diogo Costa. A Equipa das Quinas era mais objetiva e Xadas (8') ainda ameaçou Santiago Mele de meia-distãncia, mas a bola passou ao lado. Os campeões sul-americanos começaram então a criar mas perigo, com destaque para um remate de Schiappacasse (11'). No minuto, seguinte, o golo do empate: Santiago Bueno cabeceou uma bola perdida na área portuguesa após do lado esquerdo do ataque uruguaio. E só não voltava tudo à primeira forma porque, pela primeira vez, as equipas resolveram que era altura de fazerem nova "contagem de armas".

Ao jogo mais elaborado de Portugal, baseado na posse e circulação de bola, o Uruguai respondia com agressividade, vígor físico e o típico entusiasmo sul-americano. Quando as "peças" se encaixam a meio-campo e os ataques não aparentam capacidade para criar desequilíbrios defensivos, o que sobra? Nova lição prática: há sempre o talento individual. Foi assim que Diogo Gonçalves se encheu de fé e fez o segundo golo de Portugal (o seu terceiro na competição) pouco antes do intervalo.

A segunda parte começou como a primeira, mas em sentido inverso: o Uruguai conseguiu o 2-2 através de uma grande penalidade convertida por Valverde. E não voltou tudo à primeira forma porque as equipas já se conheciam muito bem. Portugal assumiu o jogo.

E a partir daqui a formação orientada por Emílio Peixe justificou a sorte que lhe viria a sorrir mais tarde: sem nunca perder a organização indispensável num jogo que decidide quem fica num Mundial e quem vai para casa, os internacionais portugueses soltaram toda a sua criatividade e tentaram o golo pela esquerda, pela direita, pelo meio, com os pés, com a cabeça...um vendaval de ataque que teve os seus expoentes máximos em dois remates de Xadas (76' e 80') que colocaram em sentido a defesa uruguaia. 

Nessa altura, já tinha entrado na equipa nacional Gedson Fernandes (entrou para o lugar de Pedro Delgado) e André Ribeiro (substituiu Bruno Costa). Com o meio-campo e o ataque refrescados, Portugal "encostou" ainda mais o uruguai à sua área e os últimos minutos do tempo regulamentar foram verdadeiramente impressionantes: vígor físico, esclarecimento tático, paixão pelo jogo, crença na vitória. Uma série de predicados que não tiveram correspondência prática, já que o jogo foi para prolongamento e, posteriormente, para o desempate por grandes penalidades, onde a Equipa das Quinas acabaria por perder.

A chegada da Seleção Nacional sub-20 ao aeroporto Humberto Delgado está prevista para a próxima terça-feira, 7 de junho, pelas 12h15.

Eis as declarações do Treinador Nacional Emílio Peixe:

"Este foi um jogo em que dominámos do princípio ao fim. Enfrentámos uma equipa muito forte, com bons jogadores do ponto de vista individual, mas conseguimos neutralizar quase todas as mais-valias do adversário. Não fomos suficientemente competentes para sair vitoriosos neste jogo, mas tenho a certeza que deixámos uma imagem muito positiva. Mostrámos ao mundo a qualidade dos nossos jogadores, a qualidade da nossa organização e estamos satisfeitos por isso. Obviamente, sentimos que podíamos chegar mais longe. Estamos tristes, mas seguros que o futebol português terá mais e melhores jogadores no futuro."

"O balanço deste Mundial é positivo. Estes jogadores foram uns heróis. Não foi só hoje, contra o Irão ou a Coreia, os jogos que ganhámos. Com sete jogadores sub-18 neste grupo, alguns a integrarem-no pela primeira vez, justificaram por absoluto a opção de os trazermos connosco. Pensando no processo, pensando no futuro...não nos podemos esquecer que faltam aqui seis jogadores que fizeram muitos jogos pelas seleções nacionais e pertencem  a esta geração. Quatro estão nos sub-21 e estamos satisfeitos com isso. Ainda há mais dois que se lesionaram na parte final da época. Sem estes, o que os outros fizeram aqui foi fantástico."

"O balanço deste "projeto-mundial" [o objetivo final de todas as gerações que têm a possibilidade de discutir a qualificação] é muito positivo. porque estes jogadores tiveram a oportunidade de estar presentes em duas fases finais de Europeus - sub-17 e sub-19, onde atingiram as meias-finais - e num Mundial. Viveram um Campeonato do Mundo 'por dentro', com um desempenho muito bom, deixando a sua marca e uma imagem muito positiva. Houve permanentes elogios à nossa qualidade de jogo, à qualidade dos nossos jogadores, dignificámos o nosso país e, portanto, estamos muito satisfeitos com o comportamento da equipa."

"Jogadores que chegam à seleção sub-21 com 50, 60, 70 ou 80 internacionalizações estão obviamente bem preparados para as próximas etapas. Há todo um trabalho de desenvolvimento dessa capacidade nos escalões inferiores, que depois é aproveitado pelo futebol profissional da melhor forma, quer pelos clubes quer pelas seleções que estão acima. Temos aqui jogadores já internacionais sub-21, o que significa que já tiveram oportunidade de vivenciar o espaço acima deste, e seguramente que muitos dos que aqui estiveram voltarão a ser chamados a esse escalão no próximo ano."

Campeonato do Mundo sub-20 Coreia do Sul-2017
Quartos de final
Daejeon World Cup Stadium

Árbitro: César Ramos (México)
Árbitros assistentes: Marvin Torrentera (México) e Miguel Paredes (México)
Quarto árbitro: Matt Conger (Nova Zelândia)
Vídeo-árbitro 1: Roberto Orozco (México)
Vídeo-árbitro 2: Simon Lount (Nova Zelândia)
Vídeo-árbitro assistente: Ricardo Montero (Costa Rica)

Portugal 2-2 Uruguai (4-5 após penáltis)

Portugal: Diogo Costa; Diogo Dalot, Rúben Dias (cap.), Jorge Fernandes e Yuri Ribeiro; Pedro Rodrigues, Pedro Delgado (Gedson Fernandes, 54') e Xadas; Bruno Costa (André Ribeiro, 73'), Xande Silva (Florentino Luís, 106') e Diogo Gonçalves (José Gomes, 97')
Suplentes não utilizados: Pedro Silva, Luís Maximiano, Francisco Ferreira, Pedro Empis, Hélder Ferreira e Miguel Luís
Treinador: Emílio Peixe
Golos: Xande Silva (1') e Diogo Gonçalves (41')
Disciplina: cartão amarelo a Bruno Costa (14'), Yuri Ribeiro (90'+3) e Diogo Dalot (112')

Uruguai: Santiago Mele; Santiago Bueno, Jose Luís Rodriguez, Mathias Olivera, Agustin Rogel, Marcelo Saracchi (Matias Vina, 94'), Carlos Benavidez (Santiago Viera, 79'), Nicolas De La Cruz (cap.) (Rodrigo Amaral, 79'), Federico Valverde, Agustin Canobbio e Nicolas Schiappacasse (Joaquin Ardaiz, 103')
Suplentes não utilizados: Adriano Freitas, Juan Tinaglini, Emanuel Gularte e Juan Boselli
Treinador: Fabian Coito
Golos: Santiago Bueno (16') e Federico Valverde (pen. 50')
Disciplina: cartão amarelo a Agustin Canobbio (108')