Presidente da FPF, Fernando Gomes, foi ouvido na Comissão Parlamentar de Cultura, Comunicação, Juventude e Desporto e apresentou sugestões de mudança para melhorar o Futebol Português
Fernando Gomes, Presidente da FPF, foi ouvido durante a manhã desta quarta-feira na Comissão Parlamentar de Cultura, Comunicação, Juventude e Desporto, no âmbito de uma audição parlamentar solicitada por PSD, PS e BE.
Na sequência do artigo publicado há um mês, Fernando Gomes voltou a alertar para os sinais de alarme que considera existirem no atual momento do Futebol Português.
Sobre a questão das claques destacou: “Todos os grupos organizados de adeptos devem ser legalizados. Estou de acordo com isso e nós na FPF estamos de acordo com isso. Agora, também não é a nós que nos compete, por exemplo, receber um registo de uma claque que tenha 11 membros registados. Não me venham dizer que isto é uma claque devidamente organizada e registada”.
Preocupado com a questão da violência, exortou: “Não acredito que não seja possível projetar algumas alterações através desse contributo. Ser campeão da Europa é muito mais difícil. Tenho otimismo em relação a essas questões. Não é possível que as interdições em Portugal numa época sejam somente 88, quando em Inglaterra sejam 2150! Não pode!" Gomes avisou: “É urgente que o Estado olhe com atenção para as questões que têm a ver com adeptos. O número crescente de incidentes deve preocupar-nos.”
O líder da FPF lembrou as coisas boas, antes de chamar a atenção para o que tem que ser corrigido: «Temos hoje mais praticantes federados do que nunca. Somos campeões da Europa. Não falhámos nenhum apuramento no século XXI. Somos a Seleção número 3 do Mundo. O nosso Cristiano Ronaldo voltou esta semana a ser eleito o melhor futebolista do planeta. Temos seis dos 32 treinadores da fase de grupos da Liga dos Campeões. Somo um País que acolhe, desenvolve e exporta talento, habituado a conseguir muito com pouco dinheiro. No verão passado, a Seleção foi pela primeira vez ao Campeonato da Europa feminino. Ainda recentemente juntámos 3 milhões de pessoas em frente à RTP1, num momento único que a todos emocionou.»
E destacou: «O futebol sabe cumprir o seu papel e é exemplo de solidariedade e proximidade com as populações. O futebol é relevante nas nossas vidas. O futebol vai a todo o lado e faz pelas pessoas o que muitas vezes mais ninguém faz.»
«Futebol deve ser protegido»
Para o Presidente da FPF, o futebol “deve ser protegido”: “É fundamental que diminua o clima de conflitualidade pública entre os clubes com maior acesso à comunicação social.”
“Na nossa opinião, devemos ter regulamentos mais duros, que inibam as pessoas do futebol de contribuir para a destruição do setor em que trabalham. Muitas das mais violentas insinuações e acusações são feitas às equipas de arbitragem. Em Portugal temos um problema grave de relação com a arbitragem”, apontou, admitindo: “A relação entre clubes e adeptos atravessa um período delicado em Portugal.”
Gomes avisou: “É urgente que o Estado olhe com atenção para as questões que têm a ver com adeptos. O número crescente de incidentes deve preocupar-nos.”
Sugestões para melhorar
O Presidente da FPF lançou várias propostas: "A criação de uma autoridade administrativa exclusivamente vocacionada para a segurança e combate à violência no desporto, dotada de recursos e não apenas de atribuições e competências, que tornem exequível a celeridade e inevitabilidade da ação sancionatória face à inobservância da Lei (…) Maior eficácia na aplicação das medidas de interdição de acesso a recintos desportivos; Reforço e/ou mudanças na política de apoios e regulação dos grupos de adeptos; Avaliar uma possível retirada de benefícios aos promotores na comparticipação dos encargos com policiamento."
E prometeu: «A FPF vai aumentar a exigência em relação aos dirigentes desportivos, obrigando a um curso de formação para todos os que se sentarem no banco em competições nacionais.»
Leia o discurso de Fernando Gomes, Presidente da FPF, na totalidade
Veja aqui algumas das reações a esta audição parlamentar na Comissão Parlamentar de Cultura, Comunicação, Juventude e Desporto