Com o futebol parado, o centrocampista Didi trabalha na mercearia dos pais para alimentar "várias famílias".
“Dias extenuantes mas necessários”. É assim que Diogo Santos, conhecido pelos colegas do futebol como Didi, descreve o seu quotidiano na mercearia dos pais, em Linda a Velha. Durante a pandemia, o centrocampista do Oriental, de 28 anos, ajuda os progenitores a tempo inteiro e garante fazê-lo por gosto: “Os meus pais sempre fizeram tudo por mim. Como vivo com eles, ajudá-los é o mínimo que posso fazer. Não é sacrifício nenhum, sinto-me muito bem a fazê-lo".
Além de não ter treinos, devido à paragem do futebol, deixou de ter aulas na faculdade, onde está a tirar um curso em Osteopatia. Só se dedica à mercearia e aos clientes de longa data dos pais. "São os mais antigos que nos agradecem mais pela resistência e coragem de manter o negócio a funcionar. A verdade é que nunca nos passou pela cabeça o contrário. Desde a primeira hora que dissemos para terem calma, que não lhes faltaria nada para comer. Sabemos que temos um papel fundamental na sobrevivência de várias famílias daqui”, conta.
O dia de trabalho começa cedo. Às sete da manhã, Diogo Santos sai de casa para rumar à mercearia. É preciso ter tudo pronto e limpo para abrir às oito. “O horário de atendimento ao público foi reduzido, metemos um expositor de fruta fora da loja e fecha-se à hora do almoço. Mesmo com essa pausa, fico a trabalhar praticamente 12 horas seguidas”, revela.
As tarefas são distribuídas sempre da mesma maneira: o pai fica atrás da caixa a faturar, ele e a mãe andam soltos na loja a atender clientes. “O balcão é quase um ‘bunker’ para o meu pai. Há dias meteu uma película de acrílico a protegê-lo. Eu e a minha mãe corremos mais riscos, daí usarmos sempre luvas e mantermos as distâncias", relata, acrescentando que está habituado "a atender, carregar, descarregar e repor produtos", e a ir ao final do dia ao mercado com o pai, "para reabastecer".
Ciente da possibilidade de contágio por Covid-19, diz que perde a conta às vezes em que lava as mãos: “Atendemos alguém e vamos a correr ao lavatório. Sempre. Depois metemos gel desinfetante”. Também perde a conta às vezes em que adormece com os pais no sofá, após o jantar. "A primeira semana de quarentena foi a mais dura. Jantávamos quase em piloto automático e adormecíamos mal nos sentávamos para ver televisão. São dias extenuantes mas necessários. Há muita gente a contar com o nosso trabalho”, frisa.
O anúncio da conclusão do Campeonato de Portugal não surpreende Diogo Santos, embora o deixe "um pouco triste". "Tinha a noção de que poderia acontecer este desfecho. O que me faz mais falta é o convívio no balneário. Havia uma grande camaradagem no grupo", afirma o jogador do Oriental, oitavo classificado da Série D. "Se houver playoff para os clubes que estavam em primeiro, vai ser muito exigente para eles" avisou o médio, que se sagrou campeão da terceira divisão nacional com o Casa Pia, na época passada, depois de passar por um playoff.
Recomendações para prevenir o COVID-19.
Mantenha a atividade física.
Preservar a saúde mental.
A FPF considerou, desde o início da pandemia do COVID-19 ser sua obrigação o lançamento de várias iniciativas de apoio à comunidade desportiva assim como o comprometimento total com as suas responsabilidades sociais. Saiba mais aqui.