Presidente da AF Vila Real realçou aspeto positivo da pequenez de algumas associações, em painel que contou com líderes do CR Leões Porto Salvo, da federação da Galiza e da Escola Hernâni Gonçalves.
António Silva (presidente da AF Vila Real), dando como exemplo o facto de no seu distrito a prática desportiva ser de apenas 12 por cento, olhou para um aspeto positivo do facto de se ser pequeno: “O manancial de crescimento nas associações do Interior é muito superior.”
António Silva aproveitou o painel sobre “Geografia das Competições Amadoras", esta segunda feira, no Football Talks, para realçar outro facto: os clubes, que representam 97 por cento da prática desportiva não profissional, “vivem do subsidialismo”.
No mesmo painel, Jorge Delgado, do CR Leões Porto Salvo, constatou que “há uma tendência para a congregação demográfica em Portugal, que faz com que haja falta de técnicos e praticantes longe dos grandes centros”. Falando do trabalho do seu clube, disse que “o que define os Leões é a cultura que passamos aos nossos atletas. Como temos o pavilhão sempre ocupado, trouxemos o futebol e o futsal para a rua, com técnicos a trabalhar ao final da tarde com os miúdos dos bairros sociais”. “Alinhados com a FPF, começámos em 2021 com o e-futebol e com a primeira gaming room do país”, disse ainda Jorge Delgado.
Rafael Louzan, presidente da Real Federação Galega de Futebol, considerando a Galiza “uma ponta mais deste grande país que é Portugal, onde os problemas são os mesmos, incluindo a diferença entre a Galiza da costa e a do interior”, defendeu que “tudo o que é futebol tem de estar dentro das federações, todos têm de estar federados, o que facilitará reclamar melhores instalações, por exemplo”. A federação da Galiza lida com a venda centralizada de direitos de TV que existe em Espanha. Os dois clubes no futebol profissional, Celta e Deportivo Lugo (na segunda divisão), recebem 60 milhões (53-6) e há 5 milhões para os restantes. Em Espanha, 1 por cento dos 3 mil milhões dos direitos televisivos vão para futebol amador. Neste setor, Louzan defende ainda que “os que formam têm de ser profissionais, formados - os voluntários são apenas para ajudar.”
Por sua vez, Rui Pacheco, da Escola de Futebol Hernâni Gonçalves, defendeu que a “FPF devia ser o Ministério do Futebol” e que devia haver uma política nacional que impedisse a “campeonite exagerada". "Querem ser campeões do sub-7! Os treinadores querem ascender e só põem os melhores a jogar. Os outros abandonam a prática. Esta é a principal causa de abandono”, garante, dando o exemplo de “países onde o futebol para todos permite que todos joguem obrigatoriamente um pouco e só a partir dos 12-13 anos haja classificações. “Há miúdos de 14-15 anos que continuam na nossa escola porque não têm lugar na competição” admite, sugerindo que “não se deve desprezar esta fonte de receita para os clubes”.
Consulte aqui o programa completo do Football Talks 2022