Painel “Liderar no Feminino” deixa tónica de que grande parte do que falta para “não se desperdiçar metade do talento da Humanidade” está nas próprias mulheres e na sua vontade de arriscar.

“Não podemos desperdiçar metade do talento da Humanidade”, pediu esta tarde, no Football Talks, a diretora do Fundo das Nações Unidas para a População, Mónica Ferro, imediatamente secundada pela presidente da Associação Nacional dos Municípios Portugueses, Luísa Salgueiro, que exortou as mulheres a avançarem: “As mulheres passam a vez. Os homens são mais competitivos, mas depois, no exercício do cargo, não se sente a diferença. É preciso avançar!”, pediu a autarca a todas as mulheres.

Num painel onde também participaram a CEO da Altice Portugal, Ana Figueiredo, e a vice-presidente da Federação Portuguesa de Ténis, Filipa Caldeira, os incentivos à participação feminina foram uma constante, para se atingir o objetivo da paridade que, por exemplo, já existe nos Jogos Olímpicos. Em 1950, 10 por cento dos atletas olímpicos eram mulheres e, na última edição, em Tóquio, 49 por cento foram mulheres, exemplificou Filipa Caldeira. Em termos globais, a realidade é bem diferente, recordou Mónica Ferro, remetendo para um recente estudo que aponta 136 anos como o tempo de espera para se chegar à igualdade de género. “Quem vai querer esperar?”, perguntou.

O mundo do futebol foi apontado com ainda sendo um mundo masculino, saudando-se iniciativas como as anunciadas pela FPF para alterar a situação, à semelhança do ténis. “O ténis é uma das modalidades em que existe mais igualdade”, disse Filipa Caldeira, lembrando o facto de o US Open, que terminará no domingo, premiar o vencedor e a vencedora de forma igual (2,6 milhões de dólares). Filipa Caldeira historiou a luta liderada por Billie Jean King, numa altura (anos 1970) em que as mulheres recebiam 6 a 8 vezes menos do que os homens. Também salientou que a federação de ténis tem quatro mulheres numa direção de sete elementos.

Ana Figueiredo defendeu ser necessário criar condições que promovam a igualdade e, recorrendo ao seu próprio testemunho, disse que o desporto ajuda a eliminar o prevalente estereótipo da mulher que tem de ser perfeita e bem-comportada. “Temos de ser mais corajosas e afirmativas”, pediu.

Falando de estímulos à promoção da mulher, especificamente no desporto, Luísa Salgueiro deu o exemplo da sua própria câmara municipal (Matosinhos), que majora em 10 por cento o valor pago por cada atleta feminina, no subsídio que é entregue aos clubes, para apoio à prática desportiva. “Isto é um instrumento de promoção da equidade”, frisou, insistindo, no entanto que, para acelerar o processo, não basta agir na base; é preciso mudar também o topo”.

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