Como se distingue um centro de excelência de um centro comum? Tema forte no segundo dia do Football Talks.
Num mundo cada vez mais competitivo e em que ninguém quer ficar para trás, ter infraestruturas de excelência é um passo essencial para conseguir que os atletas se superem. Foi esse o tema do painel “Centros de Excelência e Inovação no Desporto”, que decorreu esta terça-feira no Football Talks. Presentes estiveram Albert Mundet (Barça Innovation Hub), Daniele Bonano (Aspire Foundation, que trabalha com o futebol qatari com um olho no Mundial que o país árabe vai organizar este ano), Fernando Yamada (Athletico Paranaense) e o antigo nadador Paulo Frischknecht (Fundação do Desporto).
“Estamos num centro de excelência, que é a Cidade do Futebol. É um exemplo para o país, é uma montra e obedece à visão que os homens da federação tiveram em 2011 e que nos permite hoje estar aqui a projetar o desporto e o futebol em 2030. Fizeram-no com sucesso do ponto de vista político e desportivo, em ambos os géneros e em vários escalões etários. O futebol não deixa de ser uma bandeira para o desporto nacional. Reforçar essa projeção que foi feita há 10 anos, com respeito pelos valores e pelo percurso que foi feito ao longo de décadas, permitiu projetar os seus agentes não só à escala nacional como internacional”, considerou o português. “Se a ideia é projetar o 2030 temos de compreender o passado e saber como chegámos aqui. Há 20 anos não tínhamos os resultados que temos. Houve um investimento considerável no desporto por parte do país e o papel dos municípios, das autarquias, tem sido fundamental”, disse Paulo Frischknecht, lembrando os 14 centros de alto rendimento (13 com gestão camarária, além do pioneiro Jamor) hoje existentes.
Já o brasileiro começou por fazer a distinção: “O que difere de um centro de excelência para um comum são as pessoas, as cabeças pensantes. A integração entre as áreas é fundamental e devem trabalhar de formas autónomas mas integradas. É preciso ter uma visão de médio e longo prazo.” Yamada falou ainda das condições invulgares que o seu clube proporciona aos atletas, sobretudo aos mais jovens, no local. “O problema no Brasil vai além das quatro linhas, os programas educacionais são precários. O Athletico Paranaense tem uma política muito agressiva no que diz respeito à captação de atletas jovens. Temos um critério muito seletivo para os técnicos e depois fazemos um grande investimento na formação desses profissionais. Infelizmente, o futebol de rua, devido ao crime e à expansão urbana, é um meio de desenvolvimento que está a ficar mais escasso. Por isso, no nosso centro, o atleta pratica várias modalidades, com foco no desenvolvimento cognitivo e motor do atleta, é uma forma de resgatar o valor potencial. Temos investido muito no departamento de nutrição e no aspecto mental. O futebol evoluiu muito e estamos atentos, temos procurado muitas consultorias externas. Estamos muito atentos a esse desenvolvimento mental.”
Albert Mundet falou na forma como o ADN Barça tem sido aprimorado nos últimos anos. “Primeiro precisamos de detetar as necessidades. Saber o que é preciso para a semana ou para daqui a dez anos. Tem sido um processo de aprendizagem ao longo dos últimos seis anos. Selecionamos, a nível interno, as pessoas que têm visão sobre as necessidades do amanhã. Sabemos que não somos bons em tudo, por isso temos de encontrar as bandeiras certas internamente. Também estamos a ver como podemos integrar a Inteligência Artificial. Temos tido muito trabalho mas estamos a ver alguns resultados na primeira equipa”, referiu.
Já Daniele Bonano explicou como funciona a sua fundação no futebol do Qatar. “Temos cerca de sete mil futebolistas. Este ponto de partida é algo limitado, tal como a nossa geografia. Desde 2010 que tentamos pensar de forma diferente e não copiar ninguém. Tivemos de pensar numa estratégia. Juntos, estamos a tentar encontrar uma forma de projetar o futebol qatari a nível internacional. Temos de saber o que se passa nos jogos e instalámos um sistema que nos dá informações. Já temos 12 anos de dados. Pomos o jogador no centro do nosso modelo. O passo seguinte foi passar esses dados aos jogadores para eles saberem como é que podem melhorar o seu compromisso e evoluir”, revelou.
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