Num painel diversificado, o poder que o futebol tem para sensibilizar as pessoas para as questões da sustentabilidade foi unânime.
O painel sobre “Sustentabilidade” do Football Talks, esta terça-feira, com participação do norueguês Espen Thorsby e dos portugueses Ricardo Carvalho e Sérgio Ribeiro, conduziu a uma opinião comum relativamente à eficácia das mensagens relativas à sustentabilidade que são veiculadas pelo universo do futebol, um palco onde a emoção está presente e pode conduzir às mudanças necessárias em comportamentos ambientais.
Espen Thorsby, presidente e diretor de operações da We Play Green, apresentou a organização criada pelo filho Morten, jogador internacional da Noruega. “Ele percebeu que era importante fazer algo pelo ambiente e quis motivar os outros jogadores para a grande mudança ecológica que é necessária. A minha missão é envolver outros futebolistas nestas questões sociais e ambientais e tem sido difícil”, admitiu Espen.
Thorsby usa o número 2 na camisola, um número simbólico, remetendo para o aumento de 2 graus Celsius que a Terra ainda suporta em termos de aquecimento global até 2100, segundo muitos cientistas. Thorsby é agora conhecido como “a Greta Thunberg do futebol”.
Ricardo Carvalho, diretor do departamento de Gestão de Infraestruturas do FC Porto, é também responsável pelas questões de operação no estádio, onde as questões de sustentabilidade estão muito presentes. “É preciso coordenar com o marketing e a parte comercial” a forma de chegar ao público e aos fornecedores. “Trabalhamos com grandes marcas e, com os nossos fornecedores, temos mudado muitas coisas”, como a utilização de sumos concentrados e copos reutilizáveis, apesar das questões que se levantam ao nível da segurança e higiene alimentar.
Pedindo para se passar um pano sobre os anos 80 e 90, em que foi estimulado o desperdício, Ricardo Carvalho diz que, hoje, trabalha “diariamente com 9 erres”, "muito focado na gestão de resíduos e na redução de consumos energéticos".
Sérgio Ribeiro, CEO e cofundador da Planetiers, considera que além “da mobilização e do ativismo, é preciso colocar as soluções que já existem à disposição das pessoas. A sustentabilidade tem de ser conveniente”, defende Ribeiro, admitindo que “há sempre maior consciência de que ação”.
O responsável da Planetiers olha para a importância da “componente técnica, que tem a ver com a cadeia de fornecedores e a forma como se chega aos consumidores”, mas faz questão de realçar a “componente emocional”, onde residem os “verdadeiros drivers que levam a uma decisão rumo à sustentabilidade”, resumida no acrónimo “SOS”: Saúde, Orçamento e Status. “O futebol tem a atenção das pessoas e tem a componente emocional, que pode ajudar muito à mudança”, reconhece Sérgio Ribeiro, alertando para a necessidade de “comunicar esperança”, a fim de que a mensagem não seja destruída pelo medo nem “pelas correntes extremistas”.
Sérgio Ribeiro aconselha os futebolistas e todos o agentes do futebol a aproveitarem a grande vantagem que têm: “A atenção que têm é uma oportunidade para se posicionarem em termos de marca” na questão da sustentabilidade.
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