Treinador do FC Porto satisfeito após reviravolta frente ao Sporting CP.
Vítor Bruno, treinador do FC Porto, em discurso direto:
“Entrámos muito bem no jogo, criámos problemas, sentimos o Sporting CP desconfortável na saída de bola e podíamos ter feito o golo pelo Danny Namaso, mas, na primeira bola parada e aproximação à nossa área, eles fazem o 1-0. Pouco depois, o Sporting faz o 2-0 e senti a equipa perdida em campo. Se calhar, faltou voz do treinador naquele momento para tentar serenar, mas a tentação dos jogadores é ir à procura daquilo que parece estar perdido. Às vezes, um bocadinho mais na base da emoção e não tanto na razão. Isso atirou-nos praticamente para a lama. Sofremos o 3-0, mas o momento decisivo é quando fazemos o 3-1. A equipa estabilizou e o momento no balneário foi importante.
Tentámos que os jogadores agarrassem muito a nossa ideia e acreditassem que, podendo fazer um golo, podíamos abrir novamente a história do jogo e isso aconteceu. Quem entrou, acrescentou valor. Chegámos ao 3-3, temos um golo anulado e mais uma ou outra aproximação com perigo. No prolongamento, com alguma felicidade, fizemos o 4-3 e, depois, sofremos juntos, agarrados ao nosso espírito. Isso é inegociável. Enquanto o jogo não estiver concluído, temos de nos agarrar à esperança e perceber até onde podemos ir.
Foi preciso apelar a muita coisa e àquilo que eles são, porque a vantagem de estar aqui já há algum tempo é conhecê-los como ninguém. Possivelmente, terão duvidado daquilo que estava a acontecer ou temos construído até agora. Podia ser difícil validar decisões de um treinador que está pela primeira vez neste cargo, mas os jogadores conseguiram ir buscar muito daquilo que é nosso, mas, ao mesmo tempo, sentindo também alguma impotência. Eu senti impotência na equipa. Houve mérito total do Sporting, que é uma excelente equipa e joga a um nível altíssimo.
É o início de uma carreira numa missão diferente. Eu sei aquilo que me espera e nem sempre vai correr bem. Hoje [no sábado] fomos felizes em determinados momentos, mas, quando me entregaram este cargo, ninguém me deu nenhuma coroa para me agigantar perante quem quer que fosse. O Vítor Bruno do passado é exatamente o mesmo de agora. Tenho de tomar decisões e isso é a parte mais difícil de ser treinador principal. Tenho de inspirar quem me rodeia e fazê-los acreditar que tudo é possível. Neste clube, apenas é impossível pensar que não é possível. Esta é a mensagem que passamos diariamente ali dentro.
[inverter quatro golos de desvantagem] São sinais fortes, sobretudo de caráter, mas em nenhum momento vou duvidar daquilo que eles me podem dar, porque conheço-os muito bem. Esta é a grande vantagem que eu tenho perante alguém que estivesse aqui no meu lugar e viesse de novo. Para mim, não foi novidade a forma como eles se reergueram, porque sei aquilo que eles são capazes de ir buscar em momentos de grande dificuldade. Eles têm essa capacidade de muitas vezes irem buscar a força que parece estar escondida e praticamente no fundo do poço. Eles conseguem resgatá-la, porque têm essa capacidade e fomentamos isso diariamente”.