Mafalda Marujo é a avançada mais letal do futebol português, com 65 golos marcados nesta época. E segue em jogo com a camisola do Exército, no combate ao Covid-19.
Mafalda Marujo, de 28 anos, é a jogadora que mais golos apontou no futebol português na temporada 2019/20. Antes da paragem nos campeonatos, a 12 de março, a atacante contabilizava 65 golos com a camisola do Amora - 46 na segunda divisão feminina, 11 na Taça de Portugal e oito na Taça da Associação de Futebol de Setúbal.
Com o país em estado de emergência, forçado pela pandemia Covid-19, a avançada segue em jogo, mas a defender a vida de todos nós. É militar numa unidade do Exército e divide o seu trabalho entre o quartel em Queluz e as missões externas de apoio à população.
"O Exército Português está a ter um papel muito ativo e importante nestes dias de emergência. Um dos nossos trabalhos mais recentes foi a distribuição de alimentos por pessoas em situação de sem-abrigo, a pedido da Câmara Municipal de Lisboa e da Santa Casa de Misericórdia. Distribuímos 500 refeições quentes a 200 sem-abrigo, em dois pontos de Lisboa", partilha, acrescentando que outras missões incluíram "o transporte de materiais médicos, a montagem de tendas de campanha e a desinfestação de lares de idosos". "Estive há poucos dias a montar tendas junto ao Hospital Prisão de Caxias. Mesmo ao lado da Cidade do Futebol, onde todos sonham jogar", sublinha, em conversa com fpf.pt.
Um dia normal, para Mafalda Marujo, costumava ser simples: "sair de casa bem cedo, ter formatura às 8h30, trabalhar no quartel (na subsecção financeira) até ao almoço, fazer nova formatura às 14h00, trabalhar de novo e sair ao final da tarde". Agora pode "regressar a casa às nove da manhã". Nada que a preocupe. "Ser militar é estar sempre disponível, 24 horas por dia, se for necessário. Estamos na batalha mais importante das nossas vidas. Temos de dar o melhor de nós", assegura.
O regresso a casa, após o trabalho, causa "alguma angústia" à avançada do Amora. "Porque tenho a minha mãe em casa. Tento ter mil cuidados, pois não a quero contaminar. Estamos em contacto com situações complicadas e há notícias de colegas meus das Forças Armadas infetados. Se sentir algum dia um sintoma do Covid-19 não regressarei a casa. É certinho. Ficarei no quartel", desabafa.
Apesar do contexto difícil, Mafalda acredita estar "física e mentalmente bem equipada para lidar com grandes adversidades". "Ser desportista dá-me ferramentas para lidar com o que se está a passar. O desporto, tal como o serviço militar, ajudou-me a controlar as emoções. Falo em desporto, porque pratiquei ginástica acrobática antes do futebol e as duas modalidades exigiram muito de mim. Nesta fase, o controlo das emoções e a disciplina assumem uma importância extrema", desenvolve.
O futebol permanece no pensamento da jogadora, que tem cumprido em casa "um plano específico de treinos". "É a única maneira de me abstrair um pouco. Gostava muito que o campeonato regressasse. Nunca fiz tantos golos como agora. O meu máximo anterior foi 30 golos na liga principal, pelo Futebol Benfica, em 2016/17". "Mas é óbvio que a saúde tem prioridade. Temos de vencer primeiro a grande batalha", ressalva, sem hesitações.
Recomendações para prevenir o COVID-19.
Mantenha a atividade física.
Preservar a saúde mental.
A FPF considerou, desde o início da pandemia do COVID-19 ser sua obrigação o lançamento de várias iniciativas de apoio à comunidade desportiva assim como o comprometimento total com as suas responsabilidades sociais. Saiba mais aqui.