Um legado único

Futsal - Seleção A

Fernando Gomes, Presidente da FPF, e Jorge Braz, Selecionador Nacional, enaltecem o percurso de Ricardinho na Equipa das Quinas.

Ricardinho anunciou, esta terça-feira, numa cerimónia na Cidade do Futebol, que vai deixar de representar a Seleção Nacional. O capitão da Equipa das Quinas somou 187 internacionalizações, marcando 141 golos com a camisola de Portugal. No evento estiveram presentes Fernando Gomes, Presidente da FPF, Humberto Coelho, Vice-Presidente, Pedro Dias e João Pinto, Diretores da FPF, Jorge Braz, Selecionador Nacional, e  alguns colegas do internacional português, como Pedro Cary, Tunha, Pany Varela ou Bebé.

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"Vim anunciar o final de um ciclo. Apesar de me custar muito, foi uma caminhada inesquecível. Olhar para trás e lembrar-me que comecei com 16 anos em Rio Maior, não sabia que o caminho ia ser tão perfeito. Com altos e baixos, como tudo na vida - não pude ajudar a nossa Seleção no Europeu da Hungria - mas foi somente o abrir de portas às conquistas", começou por dizer.

Visivelmente emocionado, o internacional português que cumpriu 187 internacionalizações e 141 golos de Quinas ao peito, explicou a decisão: "Com trabalho, dedicação e a crença do nosso mister, conseguimos a qualificação para o Mundial. Depois desta lesão tinha marcado uma linha, o Mundial ia ser a minha última competição pela Seleção. Fosse qual fosse o desfecho. Estes dois anos foram de muito desgaste, sobretudo psicológico. Agarrei-me à crença do nosso treinador e a todos os portugueses que nos acompanharam. Termina da melhor forma esta página do futsal. Venho aqui dizer, com muita pena minha, que vou dizer um até já à Seleção Nacional, que é a decisão mais difícil da minha carreira desportiva. É hora de dar lugar aos mais jovens, sinto que tudo o que podia dar à Seleção dei dos 16 anos até hoje. Obrigado a todos, espero que entendam a minha decisão. Sou português, vou ser sempre português e vou continuar a apoiar a Seleção Nacional e o futsal", acrescentou.

Fernando Gomes, Presidente da FPF, lembrou as qualidades humanas do capitão: "O Ricardinho tomou uma decisão e decidiu comunicá-la aqui na Cidade do Futebol, perto dos troféus que ele ajudou a conquistar. Podia falar da carreira do Ricardo, do que lutou por nós, do que chorou por nós, mas sinceramente prefiro falar do homem para lá da quadra. Que nos ensina o Ricardo quando não está a jogar? Que raramente a vida começa no local óbvio. Ele como atleta nasceu fora dos grandes clubes. Temos de trabalhar para a base em vez de olhar para medalhas ou troféus. E não sei se há atleta de alto nível a ir a escolas, clubes e associações como ele, a ensinar rapazes e raparigas a jogar futebol. Fora da quadra é um motor de ignição para praticantes. Fora da quadra ele ensina-nos a ser saudavelmente inconformados. A vida não é uma curva linear. Ele ensina-nos que quando a curva desce está sempre nas nossas mãos inverter o caminho. É com um misto de sensações que reajo a esta decisão. Entendemos e respeitamos. Sem ti na quadra nenhuma equipa fica mais forte", disse.

O Presidente da FPF destacou ainda os desafios do futuro e fez ainda dois convites a Ricardinho, que foram aceites posteriormente: "É com mágoa que digo que ainda não temos aqui na Cidade do Futebol o pavilhão das nossas seleções e para cuja existência tanto trabalhaste. Dizias que ia ser um dia duro, de muito ogulho, é isso também o sinto. Que aceites tornares-te a partir de hoje embaixador vitalício da nossa Seleção. Que nos permitas fazer a tua última internacionalização em solo português, num pavilhão cheio. Sei que hoje sais da nossa quadra, mas sabemos que nunca sairás da Seleção de Portugal", finalizou.

Jorge Braz, Selecionador Nacional, sublinhou o percurso de Ricardinho: "Antes de mais um abraço forte de todo o staff médico, técnico de equipamentos e todo o staff da Seleção Nacional. Não trouxe a prancheta para te atirar com ela, mas foram 11 anos a aturar-te. Que desafio, que privilégio, que aprendizagem conjunta e momentos fantásticos. Houve momentos bons, outros menos bons, mas sempre na procura da excelência e muito graças à exigência que colocaste a ti próprio e que contagiou quem te rodeia sempre. Por isso foi possível tocar o céu, estar no topo dos topos e tu estiveste tanta vezes lá e levaste tanta gente a estar também. Mas, na vida, e sabes como penso, mais do que taças, títulos e campeonatos, que legado e que tu deixas e o teu legado é o melhor exemplo que pode existir. Para a Seleção Nacional para os companheiros, para o staff, para o futsal, para o desporto em geral e mais importante para as pessoas. Que exemplo do que é atingir coisas de forma correta e apaixonada. Como te disse ou se sente ou não se sente e muito sentiste o futsal. Que orgulho ter feito parte deste teu percurso e que orgulho ter contribuído para o legado e exemplo que estás a deixar. Muito, muito obrigado!". concluiu.


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9 de Novembro 2021
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Diogo Pinto/FPF

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