“Futuro da tecnologia será onde e quando fizer sentido”, defendeu-se num dos painéis desta segunda-feira do Football Talks.
Num mundo em que a tecnologia assume cada vez mais um papel essencial, o futebol não é exceção. No Football Talks discutiu-se como é que essa mesma tecnologia vai contribuir para melhorar a modalidade, graças à capacidade de controlar de forma mais científica a performance desportiva dos atletas, bem como de introduzir mais justiça nas decisões do jogo. Num painel com Nicolas Evans (diretor de investigação e tecnologia da FIFA), Hugo Freitas (diretor-coordenador da FPF com responsabilidades na área de tecnologia), Sam Lloyd (vice-presidente e CEO da Elite sports business da Hudl) e Sean O'Connor (co-fundador da STATSports, empresa líder em análise de performance desportiva GPS), este foi o ponto central de discussão que andou à volta da dicotomia homem/máquina.
“O mais importante é ver a tecnologia como uma jornada e não um fim em si. Em cada inovação há uma viagem que se faz para resolver um problema. Houve um grande grau de aprovação sobre o papel que a tecnologia pode oferecer, porque há mais vantagens que riscos”, começou o dirigente do organismo que superintende o futebol mundial, enunciando os princípios que norteiam as escolhas: Que problema resolve a tecnologia, se a tecnologia proposta é a melhor solução, auditar quem precisa das duas condições. O que vem a seguir depende das necessidades do futebol.
“O futuro da tecnologia é baseado no feedback que tivermos. Quando e onde fizer sentido”, vincou.
Sobre a questão do excesso de dados, Sam Loyd assinalou que a sua empresa “processa cerca de 20 mil jogos por anos” e que os clubes “não querem mais dados, querem melhores e mais específicos”. “Nós damos os dados às equipas mas eles criam os seus próprios a partir daí. O facto mais importante para as equipas é a sua própria curadoria desses dados”.
Se podemos confiar em tudo o que a tecnologia nos oferece é outra questão. Para Hugo Freitas, a questão é se podemos “confiar apenas nos olhos”. “Claro que não, por isso é que precisamos da ajuda das máquinas. Nenhum sistema é 100 por cento certo e duvido que no futuro algum venha a ser, mas estamos muito melhor do que estávamos.”
Sobre o sistema do fora de jogo automático, que já será utilizado no Mundial deste ano, Nicolas Evans levantou o véu: “Passei os últimos quatro anos dedicado a isso. É um sistema que usa 10 ou 12 câmaras com grande exatidão. Estes sistemas estão cada melhores e cada vez consegue-se a posição dos jogadores de forma mais correta, dois segundos depois do lance. Depois há a interferência humana e ao fim de 20 segundos a decisão está tomada, em vez de um minuto, minuto e meio. A arbitragem continuará a ter importância, a questão é disponibilizar as melhores ferramentas.”
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