FERNANDO GOMES NO CONGRESSO DO SC BRAGA

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Presidente da FPF discursou na sessão de abertura e foi distinguido por António Salvador

Fernando Gomes, presidente da FPF, participou na abertura do Future Stage - SC Braga Sports Congress, evento que decorre esta quarta e quinta-feira, e que junta vários 'stakeholders' da indústria do desporto.

Depois do presidente do SC Braga, António Salvador, ter tomado a palavra, Fernando Gomes discursou, abordando vários temas relacionados com os projetos da FPF e o presente e o futuro do futebol português.

No final da sessão, Fernando Gomes recebeu um galardão das mãos de António Salvador para assinalar o seu último mandato como presidente da Federação.

 

Leia o discurso na íntegra de Fernando Gomes:

Queria começar por agradecer de forma especial ao presidente António Salvador pela iniciativa e pelo convite, que aceitei com muito prazer.

Refletir sobre o futebol em particular e o desporto em geral é algo que deveremos fazer muitas vezes, em conjunto, debatendo ideias, partilhando e procurando os caminhos mais adequados.
O mínimo que posso fazer, estando aqui, é contribuir.

Para quem ainda não conhece, começo por vos recomendar a leitura do Futebol 2030, o plano estratégico da FPF. Não por ser da organização que me orgulho de liderar desde 2011 mas por ser um documento que foi elaborado depois de discussões de meses e muito participado.
Mais do que apenas tentar adivinhar o futuro - tarefa que diz mais respeito a assessores, consultores e opinadores -- o Futebol 2030 desenha programas e estabelece metas e objetivos. É isso já é do domínio de quem gere e tem por função cumprir o que promete. Uma categoria em que sempre me inclui e onde incluo, sem dúvida, a incrível obra do presidente do SC Braga.

2030 será um ano irrepetível.

Temos trabalhado para que nessa data Portugal receba milhares de pessoas que aqui assistirão a jogos do Mundial.
Em casa, através da televisão ou de qualquer outro aparelho, o planeta olhará para nós.

Não voltará, no nosso tempo de vida, a existir semelhante oportunidade para afirmar Portugal.

O plano estratégico da FPF procura dotar o futebol das condições para mostrar o melhor de si em 2030.
O País terá de tratar também da sua parte, sabendo corresponder nas mais diversas áreas. Recebendo bem, como sabe fazer, e mostrando a qualidade dos seus recursos humanos e naturais, a sua cultura e a sua forma de estar, única no mundo.

Mas voltemos ao futebol.

O futebol precisa de acelerar o que tem sido feito na última década, mesmo com uma pandemia pelo meio: ter mais federados.
Somos hoje mais de 220 mil. Queremos ser 400 mil em 2030.
Para isso teremos de estar em todo o ciclo de vida.

Teremos de estar nos graus iniciais da escolaridade e por isso desenhámos e implementámos o programa a Hora dos Superquinas. Exercício físico para que as crianças se movimentem e apaixonem pelo desporto. Estamos em 580 escolas, 289 municípios e envolvemos 35 mil crianças. Tudo isto em apenas dois anos!!!

Teremos o Walking Football, para os que têm mais de 50 anos.
Há uns anos começámos com um programa para diabéticos, no Porto. O futebol jogado a passo, a alegria do treino, a vida dessas pessoas mudou tanto que há um mês representaram Portugal num encontro da UEFA, na Suíça.

Hoje já somos mais de mil inscritos, com 45 por cento de mulheres. Em breve seremos milhares a praticar Wallking Football.

O futebol como atividade física, como ferramenta de intervenção social e educação cresceu de forma incrível. Diria que o futebol está a fazer aquilo para que foi criado: unir as comunidades em torno de um objeto mágico, a bola.
O desporto federado também é hoje mais forte do que nunca. Mais jogadores, mais clubes, mais equipas.

Ao longo da última década, a FPF uniu as associações, dotou-as de recursos humanos para tentar que todas caminhassem a mesma velocidade, independentemente de serem do litoral ou do interior.
Sabemos que Portugal tem um imenso desafio demográfico pela frente, mas também sabemos que é da natureza dos desportistas superar desafios. Este é dos grandes, mas com planeamento saberemos responder. Estamos a responder!

O meu resumo da última década é simples: crescemos como nunca, em todo o país. Ganhamos como nunca, no futebol, no futsal e no futebol de praia. Formamos mais treinadores, mais árbitros e sobretudo mais dirigentes, construímos e melhoramos infraestruturas, embora saibamos que há muito por fazer. Criamos e reformulamos competições, como a Liga 3, a Liga Revelação, a Liga BPI e a Liga Placard masculina e feminina.

Somos hoje melhores, muito melhores.
Onde antes tínhamos 13 seleções, hoje temos 28. Onde antes havia 23 provas nacionais, agora temos 54.

Temos um plano e sabemos para onde ir.

Quer dizer que tudo está bem?
Seguramente não.

Mas acredito nos dirigentes dos clubes e na sua capacidade para encontrar caminhos.

Os nossos clubes - e mais uma vez saliento o trabalho do SC Braga, mas sabemos que não é o único - tem sabido formar, fazer crescer e vender bem. Isso tem permitido atenuar um pouco a distância para os clubes de países não só com mais população como com campeonatos internos que se desenvolveram mais depressa e que são hoje vistos e desejados pelo mundo.

Sem um futebol profissional saudável não haverá capacidade para investir na formação. E sem formação, a médio prazo as seleções sofrerão.

Por muito bons que sejam os nossos selecionadores, sem o trabalho de excelência dos clubes não teremos sucesso.
No plano estratégico da FPF, de que vos falei acima, definimos vários objetivos para as competições profissionais.
Recupero aqui dois deles: o tempo útil de jogo e a percentagem de ocupação das bancadas.

Há aspetos estruturais que não conseguiremos mudar. Portugal será sempre um país mais pequeno do que Inglaterra e Alemanha e terá muito menos população. Mas há outros que só dependem de nós.
Nada nos impede de tentar ter o campeonato europeu com maior percentagem de tempo útil. Só depende de nós. Por isso definimos como objetivo até 2030: se jogarmos mais tempo, será mais agradável ver os nossos jogos.
Também só depende de nós termos mais pessoas nos estádios. Verifiquei com agrado que na época passada a Liga Portugal tentou corresponder ao desafio que lançámos. Estou seguro de que o esforço será para durar.

Temos hoje uma Liga estabilizada, a quem os clubes ofereceram um apoio praticamente unânime e que tem pela frente os maiores desafios do nosso futebol: conseguir uma adaptação rápida e eficiente a mudança nas provas europeias; compreender as alterações no ecossistema audiovisual e finalmente fechar a centralização de direitos entregando aos clubes o volume de receitas prometido; modernizar uma competição que não pode ter falhas no desportivismo entre rivais que não podem ser inimigos.
Estamos num espaço de reflexão, organizado por um clube eclético e por uma grande marca do futebol. Então que se discuta o tema que realmente definirá a próxima década: que futebol profissional teremos.

Pela minha parte, estarei como hoje e como sempre disponível para participar.
Agora como presidente da FPF, no futuro breve como ex-dirigente com experiência e paixão pelo futebol.

Sei da qualidade dos dirigentes dos nossos clubes profissionais e da sua capacidade para encontrar caminhos.

À equipa de gestão da Liga, na pessoa do seu presidente, desejo toda a sorte para os próximos anos à frente do futebol profissional português. Que sejam capazes de corresponder à confiança em vós depositada pelos clubes e, de uma forma geral, pelos adeptos.
Portugal precisa de um futebol profissional poderoso, equilibrado, atrativo, entusiasmante, capaz de se afirmar no ranking UEFA, de continuar a formar jogadores e de voltar a projetar treinadores para os principais campeonatos.
O crescimento, sustentação e afirmação do futebol profissional vão, em grande parte, definir o que será o futebol português em 2030. Não há maior desafio do que esse e está nas mãos de todos nós vencê-lo.

Termino com votos de boa reflexão e mais uma vez com uma palavra de agradecimento ao presidente do Sporting Clube de Braga.


Bem haja pelo seu trabalho António Salvador!

Obrigado

 


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