“O futuro da FPF e do futebol português só pode ser ainda mais brilhante”, vaticina o presidente da Federação
Fernando Gomes, esteve no Record Summit, tendo participado na sessão de abertura do evento que assinalou o início das comemorações do 75.º aniversário do diário desportivo.
O presidente da FPF falou sobre a imprensa, os media em geral, e lembrou o trabalho desenvolvido nos últimos 13 anos à frente da Federação.
Gomes assegurou que a FPF e o futebol português têm todas as condições para terem um futuro ainda mais brilhante, assim siga o caminho projetado.
O líder federativo encerrou a sessão de abertura, depois do diretor do Record, Bernardo Ribeiro, ter sublinhado estarmos num “ano de transformações marcado por vários atos eleitorais nas federações”, recordando o desaparecimento de José Manuel Constantino, “um pensador de quem já temos saudades”, e a inevitável saída de Fernando Gomes “um dos mais marcantes e prestigiantes dirigentes do desporto português que deixa um enorme legado”.
O presidente do COP, Artur Lopes, foi outro dos oradores da abertura, tendo os líderes da FIFA, Gianni Infantino, e da UEFA, Aleksander Ceferin, enviado mensagens por videoconferência.
Seguiram-se vários painéis de debate, tendo estado na assistência os presidentes do Sporting CP, SL Benfica, FC Porto e SC Braga.
O discurso de Fernando Gomes na íntegra:
Boa tarde, gostaria de cumprimentar todos os presentes na pessoa do Diretor do Record, Bernardo Ribeiro, a quem agradeço o convite para esta sessão e endereço os parabéns pelo 75º aniversário de uma marca de referência no panorama jornalístico nacional.
O «Record» começou por ser um jornal que saía algumas vezes por semana.
Na última década do século passado tornou-se também um site. Depois uma aplicação, programas de televisão, participações em redes sociais, eventos e muito mais que se calhar me escapou na voragem dos tempos em que vivemos.
Todo este crescimento aconteceu numa conjuntura económica que tem colocado, e continua a colocar, desafios que se alteram diariamente e que tornam cada dia mais complexa a nobre missão de um órgão de comunicação social: informar com rigor e verdade.
O «Record» é hoje muito mais do que um jornal e tem sabido entender o que é preciso fazer para se manter moderno e relevante.
Estou seguro de que o Bernardo sente, assim como todos os que trabalham no Record, a responsabilidade que é construir a cada minuto o conteúdo capaz de, em simultâneo, corresponder ao prestígio da marca, servir os leitores, captar audiências e respeitar as regras do jornalismo e do código deontológico dos jornalistas.
O cenário no desporto em geral e no futebol em particular não é muito diferente do que encontramos na comunicação social.
No futebol como nos media, a concorrência é global. Os nossos clubes enfrentam os mais poderosos nas provas europeias e mundiais, mas também quando atuam no mercado, quer seja em busca de talento ou na tentativa de reter o que desenvolvemos em Portugal.
Tal como nos media, o futebol compete pela atenção das pessoas. Precisa de produzir várias vezes por semana, em diferentes campeonatos e divisões, espetáculos que retirem as pessoas de casa e as convençam a pagar por duas horas de entretenimento, emoção e divertimento.
No futebol como nos media, todos os dias algo muda. Podem ser as leis do jogo, as regras de mercado, um talento que nasce, uma tempestade inesperada ou, até, uma pandemia que de repente dos lembra que nada é eterno, nada está garantido à partida.
Há 75 anos, o tempo de vida do «Record», tínhamos visto apenas três edições do Campeonato do Mundo. A UEFA estava a cinco anos de nascer e a Seleção Nacional só 17 anos depois, em 1966, conseguiria apurar-se para um Mundial de futebol.
Visto assim, num rápido relance de 75 anos, o futebol quase parece outro desporto.
Mas no futebol como nos media ou em qualquer outra atividade profissional, temos de estar preparados para que tudo mude.
Estar preparado significa, do meu ponto de vista, definir os valores e a missão da nossa organização e garantir que todos os conhecem.
Construir um plano estratégico e os programas que nos permitirão atingir os objetivos a que nos propomos.
Procurar os melhores recursos humanos e agir sempre com responsabilidade e decência.
Na FPF foi isso que tentei fazer ao longo dos últimos 13 anos.
A FPF é hoje uma organização respeitada em Portugal e no Mundo.
As seleções de Portugal são respeitadas – e até temidas – em todos os escalões.
As instalações da FPF servem de inspiração para outras federações.
O quadro das provas amadoras foi constantemente analisado e aperfeiçoado, no futebol como no futsal e futebol de praia.
O número de atletas federados cresceu de forma assinalável na última década.
O futebol feminino está em desenvolvimento imparável e sustentado, sendo as presenças em dois Europeus – desejo que em breve em três – e num Mundial, provas dessa afirmação.
Os troféus conquistados provam que não existem impossíveis mesmo para um País da nossa dimensão.
O plano estratégico Futebol 2030, que desenhámos em 2022, permitiu à FPF contribuir para a melhoria acentuada dos níveis de atividade física nos mais novos e nos mais velhos.
O programa SuperQuinas ultrapassou os objetivos estabelecidos e já chegou a mil e trezentas escolas, mais cem do que tínhamos definido como meta, abrangendo 75 mil crianças de 302 municípios. Ou seja, faltam apenas seis para cobrirmos todo o país.
Os números mais recentes de Walking Football também já superam os do final da época passada. Neste momento temos 1550 praticantes acima dos 50 anos, sendo que três deles têm mais de 90 anos!
O Canal 11 é um projeto único que tem cumprido a missão para que foi criado e constitui também um caso de estudo a nível internacional.
Durante este tempo na FPF, a arbitragem e a disciplina puderam trabalhar em absoluta autonomia e independência… Permitam-me que me detenha aqui um pouco… A autonomia e absoluta independência destes órgãos é crucial para a credibilidade do futebol e é fundamental que todos os agentes garantam que assim continuará.
Agora que se aproximam as últimas semanas da nossa equipa na FPF, vou ouvindo dizer que deixamos um legado difícil de igualar. Percebo a ideia e agradeço a boa intenção de quem a defende. Mas não posso concordar.
A renovação de todos os contratos de patrocínio até 2030 assegura os fundos necessários para uma gestão serena e equilibrada e para que seja mantido e até aumentado o apoio ao desenvolvimento dos sócios da FPF e clubes.
A FPF é uma organização com invejável saúde financeira e assim será quando sairmos, no início do próximo ano.
A FPF dispõe de recursos humanos de enorme qualidade profissional e pessoal e isso continuará em 2025.
As seleções de Portugal são representadas por jogadores fantásticos que os clubes portugueses formam e sinceramente acredito que existem todas as condições para que assim se mantenha.
Deixem-me aproveitar para repetir que nunca agradeceremos o suficiente à capacidade de trabalho e ao investimento dos clubes portugueses nas camadas jovens. É graças ao seu contributo que nos destacamos como potencia da formação, sendo o Troféu Maurice Burlaz, que premeia o país com melhores seleções jovens em ciclos de três anos, uma conquista menos conhecida, mas muito significativa e emblemática.
A FPF tem, enfim, instalações físicas de grande qualidade na Cidade do Futebol. Aos relvados juntámos agora uma Arena para as equipa de futsal e aos quartos da Casa dos Atletas acrescentaremos, a partir de maio, ainda mais quartos.
Claro que no desporto nada está garantido à partida. Também por isso, o futebol não deve ter uma atitude sobranceira, prepotente e convencida. Tudo precisa de trabalho árduo, paixão e constante atenção.
Se assim continuar, o futuro da FPF e do futebol português só pode ser ainda mais brilhante.
Se os valores e missão da FPF se mantiverem, se os recursos humanos da FPF forem respeitados e incentivados, se o plano estratégico 2030 for cumprido como até aqui, estou certo de que a Federação Portuguesa de Futebol chegará muito mais forte ao dia histórico que todos desejamos viver: o dia em que o nosso País receberá um Mundial de futebol. Cem anos depois da primeira edição, no Uruguai, em 1930, quando provavelmente os fundadores do «Record» ainda não tinham pensado em criar um jornal.
Desejo que todos juntos sejamos capazes de estar à altura desse momento e que Portugal não desperdice uma oportunidade única de afirmação do nosso País e do nosso desporto.
Desejo, para terminar, que não só o Record como todos os outros meios de comunicação social cheguem a 2030 saudáveis e com a energia necessária para oferecer a maior cobertura de sempre de uma prova única no Mundo.
Por último, que nunca falte ao Bernardo Ribeiro, à sua equipa e aos acionistas da Medialivre a coragem necessária para agarrar os próximos 75 anos e continuar a escrever a história de uma marca de comunicação que é já também uma das marcas de referência de Portugal.